Vão

Vão-se os anéis

E os dedos

Vão todos os desejos

Anseios

Vontades e arquejos

Vai se ânsia, a ganância

Brisa fria apaga

A vã esperança

Vão-se amigos

Inimigos

Vai embora a paz

A calma, a fé

O cheiro amargo do café

O leve trago

No perfume impregnado

Nos cabelos da mulher

Vai-se o mar

Vai-se o caos

Vai se eu, você

Vão-se nós

Vão-se os nós

Numa mudez atroz

Cala-se a voz

Vão-se estrelas

Constelações

Vão-se chuvas

Ventos, monções

Correm desordenados

Sedentos, desesperados

Os últimos arpejos

Das nossas canções

Vai-se o fraco

Vai-se o forte

Adeus, azar

Adeus, sorte

Vão-se todos

Acolhidos e encerrados

No doce e sombrio

Abraço da morte.

Gabriel Luiz
Enviado por Gabriel Luiz em 22/10/2016
Reeditado em 22/10/2016
Código do texto: T5799605
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