ATÉ NÃO PODER MAIS

Mais que sentir, se houver,

deve ser, de prata, uma colher,

a recolher o bálsamo

que se põe sobre as feridas

feitas pelos espinhos da vida,

deve ser um tanto de compaixão

e outro tanto de amor no coração;

mais, se houver, deve ser perder o juízo

e escrever com a loucura a poesia da razão...

Sentir até não poder mais,

até que surja, diante dos olhos, o cais

que leva ao último mar o barco da existência,

se ocupar em regar flores no espaço,

sentir, de cada estrela, o abraço,

viver, então, como faz o infinito,

pleno, feliz, em paz, livre, bendito...