NESTE POEMA
Um dia farei música com os golfinhos,
farei, com as uvas, o mais saboroso vinho,
com as montanhas, o topo mais perto do céu,
com abelhas esvoaçantes, o mais doce mel...
Por enquanto levo os filhos na escola,
se me sobra um tostão, mesmo que não correto, dou de esmola,
entro na fila da lotérica, pago as contas,
giro no carrossel da vida minh'alma tonta...
Um dia viajarei no espaço com, de Einstein, a aprovação,
comporei poemas suaves como são as ovas de esturjão,
lerei estórias para as crianças que fogem das guerras,
serei o astronauta do amor a viajar em suas artérias...
Por enquanto fujo de balas perdidas, endereçadas,
ouço clarins, gritos de ordem, cantos de almas despedaçadas,
caminho esperando o assaltante dobrar a esquina,
sou o homem desse presente, essa é a minha sina...
Um dia baterei na porta de sua casa, levarei pastéis de versos,
abriremos um livro e leremos a dois, felizes e na paz imersos,
abriremos a janela para o novo e belo mundo em nova aurora,
cumprimentaremos o futuro como faço, neste poema, agora...