O trem do tempo
Faço um acordo com o tempo
Tento não perder nenhum momento
O tempo vai passando lento
Numa lentidão que me desmonta
Desde muito cedo eu percebi
Que por menos que ele seja
Não há visão que alcance
Sequer de longe
Nem ao menos de relance
Um rastro da locomotiva
Que à reboque
E incalculável torque
Vai levando
Nesta vastidão perdida
Vagão após vagão
Dia após dia
A pesada carga
de tristeza e alegria
Que vivemos nesta vida
E não há como apontar
Em qual vagão se esconde
O Fandango
Cujo em qual eu guardei
Todos aqueles medos
Neste imenso bonde
Indifere, quão longo o dedo
Não se sabe aonde
Nem há como apontar
Edson Ricardo Paiva