SUICIDA

No mar revolto,

eu quero me bater

nas pedras...

Os barcos me chamam.

Eu quero morrer no mar.

As ilhas parecem distantes

e, na praia,

só há o bêbado de preto

tomando vinho e

tocando violão

no claro

de uma pequena fogueira.

... Agora, já me sinto flutuando

nas pequeninas espumas

que o mar cospe.

Me sinto deprimido

diante desse oceano

que me espia.

Aliás,

a noite também me espia,

o vento e o bêbado.

Estou cercado por seres

que observam minhas ações,

meus gestos;

só não me censuram,

me olham apenas.

Paraliso, então,

qualquer tipo de movimento,

mas as ondas tremem

de medo.

Estou absoluto e esticado

na horizontal,

imaginando o estorno

da autópsia:

eu partido ao meio,

funeral caro, dias difíceis

da família, a light,

o pão, o leite...

e acabo desistindo

desse suicídio.

Masé Quadros
Enviado por Masé Quadros em 08/08/2016
Código do texto: T5722397
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