SUICIDA
No mar revolto,
eu quero me bater
nas pedras...
Os barcos me chamam.
Eu quero morrer no mar.
As ilhas parecem distantes
e, na praia,
só há o bêbado de preto
tomando vinho e
tocando violão
no claro
de uma pequena fogueira.
... Agora, já me sinto flutuando
nas pequeninas espumas
que o mar cospe.
Me sinto deprimido
diante desse oceano
que me espia.
Aliás,
a noite também me espia,
o vento e o bêbado.
Estou cercado por seres
que observam minhas ações,
meus gestos;
só não me censuram,
me olham apenas.
Paraliso, então,
qualquer tipo de movimento,
mas as ondas tremem
de medo.
Estou absoluto e esticado
na horizontal,
imaginando o estorno
da autópsia:
eu partido ao meio,
funeral caro, dias difíceis
da família, a light,
o pão, o leite...
e acabo desistindo
desse suicídio.