Possibilidades

Duas velas acesas, naquela manhã tão triste, perto de teu corpo;

Algumas preces e orações pronunciadas perante o esquife,

Gritos expelidos pela dor e pela tua ausência,

Lágrimas derramadas que tocam o teu rosto inerte,

O mundo está mais estranho e mais triste,

Talvez algum dia o sol nasça de novo em nosso coração.

Talvez chegue o momento em que os pais jamais sepultem os seus filhos,

E os filhos possam amar e valorizar seus pais com todo amor que merecem.

Talvez essa vil e injusta realidade seja apenas um mero sonho

E pela manhã o horizonte nos sorri com alegria e nos estenda a mão com fé.

Talvez haja um paraíso

E o inferno seja cada reflexo escondido em nossos espelhos quebrados.

Talvez um dia a felicidade saia da escuridão e bata em nossa porta,

E nos traga cartas de esperanças verazes.

Talvez haja amigos verdadeiros que nunca nos esquecerão,

Mas o medo e a desconfiança estarão brincando dentro de nosso ser.

Talvez essa noite cheia de névoas enfim seja enterrada e esquecida,

E possamos enfim ver o rosto de quem tanto amamos.

Talvez a vida não seja uma batalha inútil

E a morte seja apenas um conto de fadas narrado para assustar crianças.

Talvez um dia possamos encontrar quem perdemos e tanto amamos,

E possamos destruir esse egoísmo e revelar todo o amor que ocultamos.

Talvez amanhã possamos descer desses prédios e casas tão solitárias,

E olhando nos olhos de nossos semelhantes possamos vencer e derrubar

Todo tipo de preconceito, ódio e muros que construímos em nossos feudos,

Talvez amanhã aquela chuva da comunhão, solidariedade e do amor

Seja derramada nos pântanos de nossos pecados, crimes e sofrimentos.

Talvez haja mesmo uma chave sagrada e casta dentro de nossas reles almas,

E com essa chave possamos destrancar a liberdade e a verdade

De quem nunca nos deixaram ser e nem viver.

Talvez, no final de tudo, talvez o bem vença,

Talvez enxerguemos a beleza em cada pessoa, em cada gesto, em cada ruído, em cada lágrima .

Talvez ainda existam borboletas e lindos pássaros cheios de auroras e

de purezas em nosso olhar tão hipócrita;

Talvez as flores cantem e germinem noites cheias de júbilos

Nesses campos em que pisamos, corremos, batalhamos e sepultamos

Tantos sonhos,

Tantos ideais,

Tantos beijos,

Tantas despedidas,

Tantos silêncios,

Tantos corpos.

Talvez um dia, quem sabe,

Talvez nós acordemos de sempre permanecermos desacordados.

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 12/07/2016
Reeditado em 12/07/2016
Código do texto: T5695442
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