MAPA ASTRAL

As correntes são longas, diferentes,

aparecem de repente,

nas mãos de feitores encapuzados

ou em ternos mui bem cortados

e rezam a mesma oração do aço,

movem seus tentáculos num grande abraço,

lá esta o seu mapa astral e o da sua terra

cercados por uma imensa floresta

de ursos derivados do medo,

lá estão os degredados,

os que sabem segredos,

os apartados...

Não importa a cor, raça, religião, diferença,

escrevem acima da plebe rude inomináveis sentenças,

lembram o velho perfil do cangaço,

chumbo pra todo lado, só balaço,

nenhum Antonio Conselheiro à vista,

nenhum Padre Ciço na pista,

nenhuma Madre de Calcutá

para todas as dores calcular,

somente aquele velho novo povo

a orar por alguém que desça num aluvião

arrebentando as amarras de cada coração...