O Enigma do Presente

A mais lúcida irreverência

Fragmentar o tempo eterno

Em outros por conveniência

da ideia hábil, do sonho moderno

e na luta da ampla consistência:

O presente é enigma no caderno.

Não há o mensurar do presente

Cria-se a nulidade da existência

ao querer particionar tal ente

É um ato ébrio da consciência

(pois) sua abstração o torna puro

que jamais projetaria senciência

Pois é o tempo que se sente.

Não se analisa nada da essência

Nem se planeja sua identidade

Ele inibe os dados da experiência

lhe conduz a realizar a realidade

com a mais macabra transparência

Visto que o agora é sua totalidade

incapaz de te dar ampla potência

Vive a fração com particularidade.

Por isso que talvez se chame presente:

É um momento indivisível e imprevisível

Cabe nas mãos que intimamente

divagam na loucura do tangível

A espinha dorsal inconsequente

de ser/estar vivo.

O Dissecador
Enviado por O Dissecador em 24/04/2016
Código do texto: T5615393
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