O Enigma do Presente
A mais lúcida irreverência
Fragmentar o tempo eterno
Em outros por conveniência
da ideia hábil, do sonho moderno
e na luta da ampla consistência:
O presente é enigma no caderno.
Não há o mensurar do presente
Cria-se a nulidade da existência
ao querer particionar tal ente
É um ato ébrio da consciência
(pois) sua abstração o torna puro
que jamais projetaria senciência
Pois é o tempo que se sente.
Não se analisa nada da essência
Nem se planeja sua identidade
Ele inibe os dados da experiência
lhe conduz a realizar a realidade
com a mais macabra transparência
Visto que o agora é sua totalidade
incapaz de te dar ampla potência
Vive a fração com particularidade.
Por isso que talvez se chame presente:
É um momento indivisível e imprevisível
Cabe nas mãos que intimamente
divagam na loucura do tangível
A espinha dorsal inconsequente
de ser/estar vivo.