COMPARO
Comparo a palavra
à larva
que come a si
e gera
o dito pelo não dito
ditado
nunca lido
que nunca vi...
Comparo a palavra
ao sapato que se apaga
na borracha do tempo
o pé
por dentro
permanece andando
sabe-se que finitamente
não se sabe até quando...
Comparo a palavra
à cela de quem escava
tentando escapar de seus infinitos sentidos
como um besouro dentro do ovo
pensando ser parede de vidro
o que o envolve todo...
Comparo a palavra
à arma
comprada pelo bandido
que degusta a vida
no barulho do estampido...