A Depressão
Quando foi descoberta
Era vista como mentira
Uma ilusão coberta
Do temor de viver.
É como construir sua história
Feita de poeira e glória
Até que a realidade
Tornasse o contorcionismo
Em inconformismo
A retórica em querer não ser.
Ela torna o amor em blasfêmia
A amizade em heresia
Os rituais sociais em hipocrisia
Porque sua afetação é nula
Por mais que se queira
É a vida feita de segunda-feira.
Eu que era feito de paz
Agora sinto o peso da guerra
Que dia-a-dia me enterra
Na lápide da insanidade
Sem direito a epitáfio
Pois ainda se vive por um fio.
É uma doença macabra
Não há contusão ou escara
Esse silêncio escancara
A redoma da tristeza
Gira como certeza
Com certeza.
E sua cura
Começa na procura
Da lembrança de amar
Ser amado e acalmado
Esse prenúncio de paz
É um anúncio que traz
A energia positiva
Reativa a ponto de reagir
E contra esse mal agir
O organismo deve rugir.
É quando você percebe
Que a natureza
Os sentimentos e sua beleza
Confrontam com leveza
A ausência de vontade
De seguir adiante.