Confeiteiro

Sirva algumas porções de passado,

Na salva prateada da experiência;

Será algo de doce, mesmo salgado,

Pois, sempre é doce o aprendizado,

A quem tem paladar para a essência...

Petisque quem sabe, nacos de futuro,

Com garfo dos sonhos, da esperança;

Esses logram impor sua luz no escuro,

Furtam o tempo espiando pelo muro,

Mesmo sem música ensaiam a dança...

Poeta é um Cristo de braços abertos,

Uma mão toca os idos, outra, o devir;

Aquela traz marcas de seus desertos,

Essa, meros anelos, tem como, certos,

Vence o ignoto com o seu suave elixir...

E esse confeiteiro feiticeiro, atemporal,

Sofre o tempo, mas, age como se fosse;

Consegue tirar, certo bem, até do mal,

E serve alhures, ante, conviva eventual,

Que tiver paladar pra o sabor agridoce...