Balanço da Língua

Ladrava quem não dizia nada em português,

Perdia-se no sentido emerso da civilização,

Era colono, escravo do silêncio.

Não saberia da justiça do país,

Com trabalho grande nunca sonhará,

Seria casado fielmente com salário mínimo o homem que fosse desconhecido pelo alfabeto português.

Será língua de Unidade Nacional?

A Língua que falha a ínfima percentagem dos moçambicanos,

A língua dos Maxanganas do campo, dos macuas vítimas da discriminação fonética,

Que em dedo encontram teto.

Mas, como escrevia para todos dessa verdade?

Se não fosse dessa língua que me faz imundo,

Que me faz estrangeiro nativo,

Que me separa dos macuas e me traz os portugueses,

Que de sinónimos coloca a língua e o poder,

A justiça e a língua, a fome e o analfabetismo.

Língua portuguesa,

Prisão que nos liberta,

Civilização que nos repele,

Diploma do nosso fracasso.

Estudaria eu se não fosse ela?

Abre horizontes presos,

Descreve realidades cruas,

Aproxima-nos do conhecimento,

Afasta-nos do povo.

Escovamos com robustez essa língua,

A saúde das nossas mentes depende dela.

O mundo que nos compara,

A covardia que nos para, está escrita nela.

Língua dos nativos moçambicanos,

Dos colonizadores portugueses,

Dos maxanganas estrangeiros em Moçambique.

Língua nossa,

Herança da nossa união,

Desgraça da nossa visão.

Língua poder,

Língua escola,

Língua Unidade,

Língua diversidade.

By Siscoj Chirindza

Siscoj Chirindza
Enviado por Siscoj Chirindza em 17/02/2016
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