Adeus verme ( Augusto dos Anjos que me perdoe)

Mesmo a massa obscura da morte

No corpo sem sorte

Desabado no chão

Mesmo o informe peçonhento

Que os vermes sem lamento

Bebem na podridão

Mesmo que a carne putrificada

Em plenitude desolada

Seja o fim dessa ilusão

Adeus meu verme

Que nas palavras proclamo

A eternidade desse sermão.

Que mesmo após os anos

Que os filhos da fome hão de comer

A terceira margem de meu nome

Trincado na estruturas calcificadas de meus ossos magros,

perenes ao fim do ser.

No fúnebre comércio de ideias.

Há de ser minha fama a última a morrer.

( Augusto dos Anjos que me perdoe)

Victor Leonardo
Enviado por Victor Leonardo em 08/01/2016
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