Adeus verme ( Augusto dos Anjos que me perdoe)
Mesmo a massa obscura da morte
No corpo sem sorte
Desabado no chão
Mesmo o informe peçonhento
Que os vermes sem lamento
Bebem na podridão
Mesmo que a carne putrificada
Em plenitude desolada
Seja o fim dessa ilusão
Adeus meu verme
Que nas palavras proclamo
A eternidade desse sermão.
Que mesmo após os anos
Que os filhos da fome hão de comer
A terceira margem de meu nome
Trincado na estruturas calcificadas de meus ossos magros,
perenes ao fim do ser.
No fúnebre comércio de ideias.
Há de ser minha fama a última a morrer.
( Augusto dos Anjos que me perdoe)