Profecia

E no enésimo dia do tempo infindo

um exército de loucos marchará sobre o campo das coisas vãs

entoando músicas para a alma.

Mil trombetas soarão em todos os cantos do mundo,

anunciando o domínio da palavra alada.

a besta de sete cabeças perderá seus disfarces.

e no front das mil faces,

jorrará o sangue da farsa

e o cristalino das águas de batizar essências .

A primeira cabeça,

mentora dos cabrestos,

cairá pela lâmina da argumentação;

a segunda,

desesperança velha e ranzinza,

entregar-se-á ao brinquedo dos sonhos;

a terceira,

ser da escuridão dos desamores,

lançada ao fogo de aquecer corações;

a quarta,

operadora das máquinas de robotizar gente,

atirada à vastidão do pensamento livre;

a quinta,

viciada em julgamento alheio.

isolada numa caixa de espelhos;

a sexta,

Dançarina da gira do entorno do umbigo,

morta ao transe e renascida à visão fontana;

a sétima,

mãe de todos os medos,

massacrada pelo poder de todas as crenças

A poesia em reino,

Alcançada a graça universal

A humanidade então há de seguir

Deitada eternamente em verso esplêndido.