Separa ( ação )
O vento, esse invisível mui poderoso,
Que ousa fazer estragos se, nervoso,
Quiçá, até sopra, as coisas que digo;
Sem noção se atreve erguendo saia,
empurra nuvens pra que a chuva caia,
pode ser seletivo, separa palha e trigo...
A faca essa lâmina afiada, mui incisiva,
Apontou lápis para a vetusta missiva,
Bem perto, faltava coragem ao moço;
Ceifou vidas por desinteligências fúteis,
E cortou nacos deliciosos em dias úteis,
Seu labor comum, separa carne do osso...
Discernimento um ancião de muitos dias,
Que viu calor, por trás das máscaras frias,
E sua ausência atrapalhou a muito bobo;
Suas garras rasgam o véu das aparências,
Flagram o logro raso das conveniências,
E ouvindo separa, ao hipócrita do probo...
Ao atos, esses que plasmamos dia a dia,
Demandas da vida ou por mera ousadia,
Também revelam o oculto sob o pala;
expondo caracteres, os mais impensados,
Seu pelo arrebanha, e aglutina os gados,
Separam, realidade, e pretensão da fala...
A rotina, essa madrasta velha e sisuda,
passam dias e sua cantilena não muda,
por omissão, falta de interesse, vontade;
matou tantas plantas sem usar o regador,
força um piloto automático para o amor,
separa dois sonhadores, em tenra idade...
Perigo esse ET com sua nave assustadora,
Não raro, quer parecer imenso, como fora,
Nosso dano, o seu alvo fácil, pois, certeiro;
Sua sombra não cansa de cambiar o destino,
E sua lâmina fria difere ao varão do menino,
Com diz o gaúcho, separa touro e terneiro...
Tempo, Cronos como se diz no idioma grego,
Difere o que tem futuro vero, de mero apego,
Dos que plasmam eternidade num momento;
Junto à rotina aquela, separa muitos casais,
Desgruda ainda as coisas possíveis das ideais,
Separa comichões pontuais, de sentimento...