Pelos ares
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Pelos ares
Vi as imagens na tela.
Visões noturnas, fantasmagóricas.
Capacetes, computadores, pilotos.
Parecia videogame.
Em segundos,
a vida se exauria.
Carros, casas, pessoas.
E uma voz,
comemorando o alvo,
o tiro certo.
Inacreditável
nosso poder de destruição.
Inenarrável minh'aflição.
Proximidade dos anjos
do mal.
Mata-se em nome de Deus;
pela liberdade, aprisionamos;
em nome do bem,
promovemos atrocidades.
Imagens em preto e branco.
O sangue não era rubro.
Tudo virava cinzas,
cogumelos atômicos.
...
Alguém se divertia,
apertando botões,
enquanto vidas e haveres
iam pelos ares,
em tons de destruição.
As imagens persistem.
A dor se mantém firme, teimosa.
E ainda desejo,
apesar de ilusão,
acreditar que tudo o que vi
foram cenas
de um jogo
de videogame.
Nijair Araújo Pinto
Fortaleza-CE, 22 de novembro de 2015.
20h56min
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