Sutilezas

Por trás das palavras há um motivo,

Que, se exposto rasgaria suas vestes;

Convivem, ciscos e grãos sobre o crivo,

A morte se faz de morta ante o vivo,

Sorri ao vê-lo reprovado em seus testes...

Por trás da ira que crepita há doçura,

Que sub-some, claro quando tal inflama;

uma vez achada a válvula que procura,

reanima-se a brisa suave da ternura,

além de calor, traz aconchego a chama...

por trás da benevolência, o interesse,

qual o gato que disfarça as suas garras;

e se faz muito dócil como se devesse,

apenas ter maciez, acalanto, e esse,

fosse sua garantia, seu fiador, seu arras...

por trás do “democrata” um reles suíno,

que fuça na lama buscando seu farnel;

e se fosse pintado seu retrato genuíno,

não posaria de melancia o parco pepino,

nem seu veneno seria rotulado de mel...

verdade tem excêntrico o seu modelito,

nunca aquilata manjar olhando pra louça;

repousa no ramo soturno do não dito,

por trás de meu silêncio existe um grito,

se não podes ouvir, melhor que nem ouças...