A Psicografia do Eu

Por esses instantes em fragmentos

No papel na estante o eu movimento

Sem ter nada a esconder, ser o eu

Este que atrás da máscara sou meu

Uma alienação da alienação.

Pretendo ser clandestino por anos inteiros

Vivendo a plenitude de viver

Não quero a exposição de falhas

Quero gozar entre as minhas mortalhas

Na tentativa de viver como eu desejo

E não na imposição do alheio ensejo.

Posso ser meretriz num pardieiro

Daqueles que a entrada escrita sem letreiro

De possuir o destino do prazer alheio

E padecer sob o juízo da loucura

Que só funciona diante de procura

Para conceber o que nunca fui.

Quero resistir a invenção dos humanos

A eternidade estúpida dos amores

Mas ter a realidade das verdadeiras cores

Que de tão diferente parece ordinário

Alimentar-se de desejos extraordinários

É indagar o império dos sentidos!

Mas quero viver num monastério

Debelando o secular mistério

Dentre a liturgia das orações

Distinguindo orgia dos corações

No esmaecer dos seres restantes

E protestar na religião devotada.

Mas eu gosto de saber os detalhes

Os nomes escritos nos entalhes

Quero ser a mim mesmo todo dia

Imerso na direção correta

Submerso na atração concreta

E abstrair quando for conveniente.

Analisar este universo tão longe

E alisar meus versos sendo monge

Apreciar sem precisão a vida adulta

No adultério das minhas decisões

Na fidelidade das minhas indecisões

E errar como se estivesse acertando.

Espero que me ofereceram cocaína

Enquanto eu bebo um copo de cerveja

Para dizer que gozando tenho adrenalina

No meu dialeto imutável do que seja

Sou a mudez dos filmes antigos

E um abrigo compreendido pela doçura.

É essa arte que me causa êxtase sério

Sou a desolação da imortalidade

Que aceita a limitação da vida

Não me comporto nem me levo a sério

Não o suficiente para a má sanidade

Ser pior que a insanidade da maldita lida.

Eu, que sou feito, entre as realizações

Já não me lembro do absolutismo real

Já não me aceito dentro do quorum social

E sinceramente, quero que exploda tudo isso

É um penar divinal que cria o ser submisso

Mas eu sou feito de pele, carne e ossos.

Que seja feito a vontade monstruosa

Que a mana me cubra como aura luminosa

Estou livre das ogivas que colocam na mente

Sou a biologia entre o céu e o inferno

Um pouco de mitologia que não vive o eterno

Mas já não me mascaro para ser aceito.

O Dissecador
Enviado por O Dissecador em 19/10/2015
Código do texto: T5419858
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