Um saco entre luzes

Luzes vermelhas, azuis, flashes...

De soprar as velinhas a ânsia!

Bexigas, balões, brinquedos, inventos

de crianças certo atrevimento;

a vida é um saco brincando ao vento.

Luzes vermelhas, azuis, flashes...

Das bodas registro da elegância:

amigos, regalos, grinalda, juramentos

de novos laços, casamento;

A vida é um saco de doces momentos.

Luzes vermelhas, azuis, flashes...

Diagnóstico: intolerância.

De perto, vive-se à distância

com do silêncio a retumbância.

A vida é um saco por um só momento.

Luzes vermelhas, azuis, flashes...

Recôndita festa sem relevância.

Oculta, ímpia, velada, estância

do remate, do fim, do encerramento.

A vida é um saco de excremento.

Luzes vermelhas, azuis, flashes...

Síndrome do pânico da repugnância;

Andar na pista, na rodovia,

maus cismares desvia.

Atropelamento.

Luzes vermelhas, azuis, flashes...

de célere carro de ambulância.

A vida não é mais que um lamento

por um negro saco que, frio,

jaz solitário no acostamento...