Todo

"Todo"...
Sua voz se fez notar.
Apurei os ouvidos e Ele repetiu:
"Todo... te quero todo".
Balbuciei alguns sons, mas não saiu nada de bom.

Ele, mais energicamente reforçou:
"Não te quero pela metade... te quero todo para mim".
Elevei os olhos até seu sacrário e então respondi:
"Estou aqui Senhor".
Ele retrucou:
"Tens certeza? Não andas focando em outros horizontes?"
Abaixei então meu olhar.

"Coragem, Filho. Te quero todo para mim
Eu Sou, e Sou o que Sou para te livrar das dores".
Não tive forças para olhar, mas meu coração olhou.
Olhou na direção do Seu amor.
E senti-me amado, querido.

Ele continuou sendo incisivo:
"Dar-te inteiramente a Mim, dói.
Exige desprendimento e confiança. Está preparado?"
Novamente as palavras fracassaram.
Queria muito ter respondido, mas só o silêncio reinou.

E ali, no chão frio e duro daquele lugar santo,
entreguei minha vida novamente em Suas mãos.
De joelhos, corpo curvado, vergonha estampada no rosto,
consagrei-me novamente a Ele.

Foi assim que terminou minha oração.
Não durou mais do que alguns segundos,
mas foi intensa como a eternidade.
Brevíssima em conteúdo,
mas dolorida como lança que transpassa a alma.
Fábio G Costa
Enviado por Fábio G Costa em 06/08/2015
Código do texto: T5336855
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