INTROSPECÇÃO
Olhei o céu e pensei
que ele nunca poderá ser totalmente calmo.
Fui eu mesma que pensei? Já não sei...
Porque um dia li de Vinicius de Moraes um salmo...
Não, não, um poema...
E ele dizia exatamente da inexistência dessa calmaria...
E ele não blasfema...
Também penso não ter sido fantasia
quando ele disse que sentia na sua alma a dor do céu.
De fato ele estava certo
porque também sinto essa sua dor ao léu.
Porque no céu tudo me parece tão incerto!
E é raro estar totalmente azul tão celeste!
Há sempre nuvens que passam cinzas ou brancas
lentas ou apressadas... É assim que se veste
nos dias de tempestades ou nas manhãs francas.
O céu não poderá ser sempre calmo de fato.
E quando passei a olhá-lo foi que notei
que detrás de seu azul há mais que um ato...
E foi assim que eu pensei
na minha própria alma
e que a dor do céu vive bem no centro...
É porque nunca estou totalmente calma.
Há azul e trevas aqui dentro...
Inspirado no poema introspecção de Vinicius de Moraes
Imagem: google