OURO PRETO
Cada pedra assentada
cada sino no lugar
cada ponte atravessada
tem minha mão, meu penar!
Cada mina ou buraco
estrada ou sobrado
cada légua revirada
tem de mim o que me faz:
o sangue
e o suor
o sussurro
e a dor.
Minha arte ali está
minha zanga
meu pensar
minha fé
minha astúcia
nem se importa
quem me usa.
Quis o ouro
nada mais!
Suspiros
muxoxos
e ais.
Tinha ouro?
Estava bem!
Tinha mais?
Melhor ainda!
Nem o Homem
Nem a Vida
Ouro, pretos!