SiMbIoSe LeTrAdA
Juntando as letras, formam-se as sílabas;
Juntando as sílabas, formam-se as palavras;
Juntando as palavras, formam-se os homens.
Homens que fazem das palavras, suas atitudes e posturas,
Não necessitam de palavras de descompostura.
Escrever e falar; é abusar das solícitas palavras,
Ingênuas de seu uso, prestam-se a todos.
Nos alto falantes das igrejas,
Nos jornais e demais meios de comunicação,
Nas rodas de amigos nos botequins,
Nas esquinas e ambientes afins,
Lá estão elas, tagarelando sempre em ação.
O escritor escreve o que pensa
E não mede as consequências do que escreve.
O Poeta e o Filósofo descreve o mundo sob sua ótica,
Solidão, agrura, morte, vida, chegada,
Amizade, partida, depressão, melancolia, saudade.
Felicidade compartilhada a dois,
Contentamento rabiscado nas pontas das fiéis penas,
E a tristeza pela falta das infiéis Helenas.
O falaz, fala das derrocadas de seu semelhante,
Esquecendo-se de mencionar a infelicidade em seu semblante.
Sensíveis e notórias palavras de conteúdo faladas ou cantadas,
Devem ser escritas e em canastras lacradas,
Guardadas.
Palavras levianas, que não passam de verborragia,
Devem ser sopradas para longe,
Pois são prolixas, nocivas, apoderadoras,
Viciantes e discriminadoras.
Palavras inspiradoras que brotam do âmago do escritor,
Quando proferidas pelo orador,
São aquelas que estimulam e motivam o ouvinte,
A ser mais assíduos às palavras,
E dos escritos do mentor,
Leitor.
Escrever é semelhante a uma imponente construção inacabada; uma favela talvez. A diferença é o polimento e o apreço dado às palavras, formando frases e parágrafos, reluzindo o diamante lapidado na transformação no conjunto da obra.
Escreveu e não revisou é foragido, procurado pelas leis gramaticais, linguísticas, dicionarizadas. Leu e não entendeu, é inimigo declarado das palavras e dos livros. Mentecapto de conhecimento e está fadado ao abismo sepulcral ou anticultural.
Palavras bem ou mal aplicadas,
Escritas certas ou erradas,
Inspiradas, resfriadas, decoradas, salpicadas,
O ditado está liberado para ser copiado.
Faça da sabedoria das palavras do sábio, as tuas. Todavia, não torne-as motivo de exibicionismo; pois aquele que se apodera das sábias palavras para massagear o ego, não passa de asno carregado de conhecimento.
O sábio escritor escreve certo em linhas tortas.
Para o inteligente falador, o momento de parar de falar é quando não há mais o que dizer, ou quando os ouvidos ensurdecem.
Para o bom entendedor, além de causar incêndios e queimaduras, meias palavras bastam.
Portanto, fim de papo. Fim do rito. Fim do escrito.
Bom dia!
PA