Na sala de exame

Aqui neste anfiteatro, sala de exame

Há tanta gente como um tropel, enxame

Todos unicamente na pugna dum só sonho

Todos com um uni objectivo risonho

No momento rival, que outrem não se ame

Aquém triunfará e há quem passará vexame

Observo para cima, observo flancos em flancos

Por ver a minha folha de exame em branco

O que vou escrever será que deixarei no esbranquiçado

Não, tenho que recordar de tudo que tenho estudado

Ponho a mão na cabeça, olho a janela, brinco com a esferográfica,

Chio os sapatos, dou um assobio. Cansado dessa serie crónica

Vejo as horas e só restam me quarenta e tal minutos

Nas sessenta questões respondi vinte. E diminuto

São as horas. Espaireço me enquanto escrevo esses versos

Olho o meu rival que está a terminar, copio ou lhe peço?

Não. Há que lhe copiar enquanto está errado e assim tropeço

Por mais que eu erre ou acerte, serei o autor do meu vexame ou fruto

O bem comum é que nos repele

A ânsia dum futuro próspero nos faz aquele

Indómito, rival, fera, meio canibal

Olvidamos que vamos num só sepulcral

Todos filhos dum só senhor, morte, o umbral

Para todo o ser vivo feito de osso e pele.

17-01-2015

Sala de exame da UP.

Marllon Neves Langa
Enviado por Marllon Neves Langa em 29/01/2015
Reeditado em 29/01/2015
Código do texto: T5118910
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