Baralho aberto

Aquele que me olha de dentro espelho,

Questiona, agora que aberto o baralho;

Se pareceu mesmo lebre o que era coelho,

Novo só a quem ignora, qual, evangelho,

quiçá era a ilusão fazendo o seu trabalho,

ou, o ano novo foi feito clonado do velho?

O fato é que tá o mesmo peso no cangote,

As nulidades seguem fazendo seu esquete;

Em airosa pose de galo, favorecido frangote,

Pois o elo dos conchavos fomenta o engate;

Rotina nos aprisiona sempre essa piriguete,

Até que diligência crie algo e pague o resgate...

Ao peso das injustiças não há quem não gema,

injustiças há, de cima a baixo; de baixo acima;

Se, U segue sendo o mesmo, privado da trema,

Um homem sem noção acaba comendo grama,

Ou despertamos para o novo, se ele no anima,

Ou, surfamos com todos no velho mar de lama...

Sempre é sábio consultarmos ao saber do Pai,

Afinal, quão insignificante nada, é tudo que sei;

Sem Ele, porém, nenhum fio de cabelo nos cai,

Dele somos como, terra, semente, arado e boi;

Ou decidimos de vez pela Santa e escolhida grei,

Ou, o ano que vem será inútil como o que foi...