Etérea...
Existe uma poesia intimamente
Ligada aos meus olhos;
Às minhas frágeis mãos de poeta;
Ao dom de ver a vida vívida,
Só que a caneta não diz.
Pois são palavras enriquecidas,
Criadas pela ação de
Um verbo que não se fez carne.
Ela é prima-irmã da musa música,
Tem gosto de mousse de maracujá
Mas o cheiro é de beijo de moça;
Não sente a prisão da sintaxe,
Tampouco se deixa levar pelas bocas
E os seus engodos vorazes.
Vive calada como poesia pedra;
Mas tem espírito árvore;
Coração bicho livre da mata virgem;
Vezes ela singra, outras, sangra...
Parece até ave de petróleo.
Ela voa... Voa... É pássaro liberdade;
Não se liga às canções de espanto
Que os homens cantam dissabores...
Mas quando ela beija os lábios...
Ah... Não existe alma que não se salve.
Carlinhos Matogrosso.