Tsunami

Assim, sossegando meus desassossegos,

Espero anestesiar um pouco a esperança;

Forjar na marra uns pequenos desapegos,

Pra ver em nível os dois pratos da balança...

a alma comportada vai se manter na toca,

vendo passar a Tsunami de plástico, cores;

deterei, quiçá, mesmo o asco que ela provoca,

embora, um tanto minhas, essas alheias dores...

Porém, a parte que estranhas, não sofrerei,

não serei paciente de enfermidades alheias;

verdade banida como se fosse uma fora da lei,

mentira repete o show sempre com casa cheia...

A claque paga que puxa as palmas dos tontos,

Tenta fazer crer que o espetáculo foi demais;

O João Soneca que já caiu em tantos contos,

Sequer vê diferença em cair cada vez mais...

Essa ambígua matemática já cansa nosso saco,

Como se, charada; um mais um, é igual a onze;

possível, mas, difícil o forte fazer pose de fraco,

além de insensato, ouro comandado por bronze...

ah, quantos trambiques ainda repousam ignotos,

lhes falta vergonha, segue lívida a sua dura tez;

insano querer mudar o devir com felizes votos,

para fugir da porcaria que o voto infeliz já fez...

perdoem se acham que uso muitos amperes,

melhor, lhes soo pessimista, quiçá, sarcástico;

minha frágeis flores sofrem as intempéries,

e eu nunca rego a nenhuma flor de plástico...