Desacordo

Minha alma não para em casa,

Mas, o corpo recusa-se a sair;

Ei-la na porta adejando asas,

Calma sua afoita; volte aqui!

Difícil domar a alma inquieta,

Às vezes o cansaço não basta;

Nem as incursões de poeta,

Contêm sua ansiedade vasta...

E essa ambiguidade, quando,

assalta, nos ameaça o prumo;

aí, só resta ficar não estando,

ou, quiçá, sairmos sem rumo...

qual viciado buscando ópio,

impulsionam tensões no início;

o socorro do domínio próprio,

se esforça para algemar o vício...

o ramo sonhado para o pouso,

foi cortado pela espada da lei;

não tolhe devanear em gozo,

como seria, ter o que sonhei...

Penso enquanto o lábio mordo,

Qual o final feliz dessa novela;

Corpo e alma fariam fácil acordo,

Se o rumo fosse, aos baços dela...