As cercas mortas

Todavia, é o que temos pra hoje,

Além dessa certeza que vai piorar;

Afinal, quanto mais o tempo foge,

Mais robusta ainda, safadeza vige,

Mais, certos patifes buscam se safar...

Bondade perdendo a fé dos bons,

virtude, enfim, caindo em desuso;

quantas lições reputadas como vãs,

prazos de entrega achando os fins,

e homens , um projeto inconcluso...

caracteres nivelados ao rés do chão,

ofensa à fauna dizendo-nos, bichos;

instintos primevos tomando a razão,

se bem que os instintivos natos, não,

produzem um décimo do nosso lixo...

as luzes no muro que a gente mija,

iluminam bem a nossa contradição;

porém certo véu impede que se veja,

tomam banho de lua, banho de loja,

mas, a alma segue com seu cascão...

vai piorar, pois, faltam referências,

“cada vez mais down o high society”;*

Números medem a altura, relevância,

Títulos legam aos párias, reverência,

Growing the darkness in this night...**

Todavia, é isso que temos para hoje,

Removida a casca e vistos os gomos;

Mas, não permitamos que isso se aloje,

Mesmo se o leão hedonista forte ruge,

O que nos cerca, só cerca, o que somos...

*... mais baixa a alta sociedade

**crescendo a escuridão nessa noite