VAIDADE
VAIDADE
Amigos chamam para beber
Jogar conversa ao léu é bom pela vida
Mas nem sempre para estudar
Um modo de parar a guerra
Um jeito de curar a dor
Sarar uma ferida
Uma forma de manter o riso
De secar o prato
O brilho no olhar
De diminuir as balas perdidas
Que sem rumo certo
Querem nos alcançar
Uma força a mais para o desamor
De alguém que também quer amar
Um pouco de esperança
Uma trégua
Que uma criança quer atravessar
Para o outro lado da rua
Eu outro dia vi um filme
Onde os inimigos deram um tempo
Naquela guerra tão babaca daquele momento
Havia um cavalo preso
No meio de arames farpados
E eles precisavam de apenas um alicate emprestado
E amigo e inimigo foram
Ver arremessados ao céus
Os alicates voadores
Temporizadores daquele instante
Tão cruel
Os arames então cortados
Libertaram o animal
Enquanto os outros animais
Presos sem arame algum
Lutavam por uma vaidade
Amigos tinha de montão
Andando e driblando muitos caminhos
Eu ando numa direção
Mas parece que muitos hoje preferem
Andar sozinhos
Não querem nem sempre encontrar
Alguém que curta um palavrão
Mas também uma palavra doce como poesia
Que não fale tanto de dinheiro
Mas de sonhos e esperanças
Amigos me chamam para beber
Ou antes chamavam na flor daquela idade
Agora muita coisa já mudou
Mudou como mudam as ruas e a cidade
Estamos cansados
Sem ter aquele ideal
De quando novos
Quando nem se percebia
Algo se alastrando
Algo ir crescendo
Como uma raiz
Que não se pode mais conter
Como um império do mal
Ruim
Que se torna natural
E acaba de nascer
Destruindo nossas noites
E o encanto de nossos dias