VAIDADE

VAIDADE

Amigos chamam para beber

Jogar conversa ao léu é bom pela vida

Mas nem sempre para estudar

Um modo de parar a guerra

Um jeito de curar a dor

Sarar uma ferida

Uma forma de manter o riso

De secar o prato

O brilho no olhar

De diminuir as balas perdidas

Que sem rumo certo

Querem nos alcançar

Uma força a mais para o desamor

De alguém que também quer amar

Um pouco de esperança

Uma trégua

Que uma criança quer atravessar

Para o outro lado da rua

Eu outro dia vi um filme

Onde os inimigos deram um tempo

Naquela guerra tão babaca daquele momento

Havia um cavalo preso

No meio de arames farpados

E eles precisavam de apenas um alicate emprestado

E amigo e inimigo foram

Ver arremessados ao céus

Os alicates voadores

Temporizadores daquele instante

Tão cruel

Os arames então cortados

Libertaram o animal

Enquanto os outros animais

Presos sem arame algum

Lutavam por uma vaidade

Amigos tinha de montão

Andando e driblando muitos caminhos

Eu ando numa direção

Mas parece que muitos hoje preferem

Andar sozinhos

Não querem nem sempre encontrar

Alguém que curta um palavrão

Mas também uma palavra doce como poesia

Que não fale tanto de dinheiro

Mas de sonhos e esperanças

Amigos me chamam para beber

Ou antes chamavam na flor daquela idade

Agora muita coisa já mudou

Mudou como mudam as ruas e a cidade

Estamos cansados

Sem ter aquele ideal

De quando novos

Quando nem se percebia

Algo se alastrando

Algo ir crescendo

Como uma raiz

Que não se pode mais conter

Como um império do mal

Ruim

Que se torna natural

E acaba de nascer

Destruindo nossas noites

E o encanto de nossos dias

Carlinhos Real
Enviado por Carlinhos Real em 02/12/2014
Reeditado em 05/12/2014
Código do texto: T5056537
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