Roleta Russa
Homo sapiens, grotesco fracasso,
Refinado tecnólatra ainda crasso,
De que valem as suas vastas asas?
Perde o suco, mas, guarda o bagaço,
Pilota remotos engenhos no espaço,
E não sabe bem ordenar sua casa...
Homo sapiens, grotesco fracasso,
Inútil como aviso do fumo no maço,
Que não impede ao arder da brasa;
Como é frágil o seu robusto braço,
Do original não se vê nenhum traço,
Herdaste mesmo, a dita tábula rasa?
Homo sapiens, grotesco fracasso,
Para qual fim está ele rumando passo,
Se em lugar de Deus, espera da NASA?
Também sou homem, “mea culpa” faço,
Mas, brincar de “roleta russa” nem a laço,
Vai que o “botão” esteja mesmo na casa...
Homo sapiens, grotesco fracasso,
Ser e parecer em visível descompasso,
O tempo avança e seu caráter atrasa;
Às causas mais vis oferece seu abraço,
porém, lembrei uma frase de Picasso,
consequência revidará à escolha rasa...