Origem da tristeza

Eu não sei de onde vem a tristeza
Mas vem de dentro...
dos olhos que enxergam misérias
ao invés de riquezas...
da pele que tateia o áspero e a carne viva
ao invés de veludos e sedas,
da boca que exprime impropérios e ofensas
ao invés de cumprimentos,
das almas que vagam sem destino
despidas de decência ou dignidade.
que se perderam na busca da
felicidade idílica...
de sonhos de marfim
esculpidos
nos ossos cheios de reumatismo.

Não sei de onde vem tanta tristeza.
Se dos desertos áridos e quentes.
Ou dos desertos secos e gélidos.
Das frestas a revelar segredos indizíveis.
do ser humano
demasiadamente humano.
Falho.
Errático
Irascível.

Vivemos numa eterna faixa de Gaza.
E não há gaze para todos os ferimentos...
Que expostos, inflamam e irritam-se
com a indiferença cerimonial
dos passantes.

Acho que a tristeza é sintoma.
de lucidez...
de olhos que leem almas
e não apenas textos,
de percepções que vão além
dos sentidos e sentimentos.

Ultrapassam emoções,
a corrosão do tempo.
o agastadiço da raiva,
da indignação...

Só pudesse com toda essa tristeza
trazer alguma felicidade...
algum sorriso por mais leve que fosse...
seria justo ter
o monopólio da tristeza.

Mas, o oblíquo olhar vai ao chão...
visita a semente,
rega com lágrimas.

E vem a conhecer a primavera
das lamúrias e
a gastura do inverno
a envergar antigos propósitos
que só nascerão de novo
com o próximo verão.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 06/11/2014
Código do texto: T5025380
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