Água
Vivo me equilibrando entre a ambição que sustenta,
E a vaidade que destrói.
Entre o desejo da efêmera fama,
E o pecado de ignorar a grandiosidade das coisas simples.
Meteram em minha cabeça.
Que o sentido da vida reside em realizar.
De preferência, grandes obras.
Protagonizar papeis principais.
Arrancar aplausos.
Mas, na essência,
E de barriga cheia:
Que diferença faz ser o presidente de um país,
Ou um pintor de paredes?
Sonhos encomendados transformam-se em pesadelos.
Como um rio, temos que seguir nosso próprio curso,
E abraçar, seja lá qual for o encontro:
Apenas com outro rio, ou quem sabe com o grande mar.
Somos todos, água.