Poema 88
Olha pra qualquer direção não avisto nada
Acendo as luzes, aumento os faróis mesmo assim não enxergo ninguém
Caminho por horas, dias, sem chegar a lugar algum
Penso o tempo inteiro e não obtenho nenhuma conclusão
As pessoas passam por nós deixando os rastros de sua prepotência
Só vemos violência, só falamos coisas destrutivas
Sem forças para criar, só levanto e deito
Tiraram nossa vontade de agir
Assassinam nossa inteligência desde criança
Me colocaram no seu círculo e agora vivo nesse quadrado
Vivo com medo que me sufoquem, me deixem para trás
Que não consiga conviver com eles, que me expulsem do mundo
Se percebem meu temor farão por onde me conter
Mas me contento se deixarem que pise em seus quadrados
Ande em seus lugares superlotados, possa ir e vir
Para eles não adianta se não ando apressado
Enquanto todos correm pro mesmo lugar
Cada vez com mais velocidade até que a mente não suporte
Se o corpo não morre a máquina continua funcionando
Crescendo, transmutando, se consertando