“GUARDADOS”
 
No silêncio terrível do inverno
há de ficar meus últimos suspiros...
E um frêmito...
Tão forte!
Que se desnudará meus galhos;
e meus poemas mais mortos
sairão do fundo das gavetas;
dos velhos porões...
E fugirão feito insetos
tropeçando pelos velhos assoalhos...
Ah! Meus velhos poemas!...
Meus guardados...
- os velhos poemas cheios de tempo e de pó
presos numa fita miserável de sonho...
Só então percebo que não morreram...
Que morta só eu... Tão aqui dentro!...
Mas eu os reescreverei convulsamente,
porque lá fora a neve é divinamente fria...
E logo a luz se apagará...
 





( Imagem: Google)