Ai de nós
Ei! Você aí! De terno... Sabe tudo...
Pinguim que dá palestra, conselhos,
Rodopios e trejeitos;
Mas não dá na bola não, dá de sola.
Curador de dores sem sentido,
Tá prontinho para ser pajé...
Eu sou apenas um pajem; cuidador
De sonhos afoitos e esquecidos.
Só sei que, quanto mais se enche a alma
De coisas triviais, mais ela se esvazia.
Você sabe tanto quanto
A própria ignorância há de saber.
Do mundo e do fundo
Do fim de tudo em um segundo
Ou da eternidade muda e esquálida.
Não vê que as crianças não aguentam
Tantas informações?
A esquizofrenia está comendo pelo rabo
As multidões de sábios do castelo;
E você fala... Fala... Fala e fala...
Quando capitalista, apenas capta a lista;
Socialista, associa-se à lista dos que
Torturam um sistema agonizante.
Sem trazer novas soluções,
Vive regurgitando coisas que foram ditas
E feitas por pessoas mais sábias que você;
Mas que, por alguma razão, não servem
Para os tempos do agora eterno,
Instáveis e inconstantes como a água.
Enquanto você fica aí falando
Completo e sabido, eu sei...
Tenho a eterna capacidade do crescer
Sem fim, sem completude e, ainda assim...
Ai de ti... Ai de nós... Ai de mim...