BRANCA DE NEVE”

 
Desesperadamente me procuro
nesta floresta branca...
O vento gélido me espanca...
Ah! Nunca preparei esse futuro,
pois a juventude não se manca;
os sonhos trepam pelo muro...
 
Hoje estou “branca de neve”;
uma cinderela ultrapassada...
O tempo foi uma maçã envenenada.
Ah! Mas o espelho inda se atreve
nessa imagem de conto de fada...
A velha literatura... Para que serve?
 
Para sonhar, talvez... Tolos sonhos
de príncipes encantados... E essas ilusões
de bruxas más... Sete anões...
Ah! E esses romances tão enfadonhos!
Que em frívolas recordações,
são às vezes doces... às vezes tristonhos...
 
Mas o desengano do invernado
é descobrir entre a franja
uma brancura que se esbanja...
Ah! Desconsolo dos condenados:
essa juventude que se desarranja
e a saudade dos anos dourados...
  
A se esconder, talvez, na química loura...
Cor & tom” de quem ainda insiste
numa falsa juventude que inexiste..
Ah! Mas que quisera ser duradoura;
e que por certo inda doura
nos recônditos d’alma triste.
 
Alma que de tão branca feneceu
no reflexos desse inverno...
às vezes radical... às vezes terno...
- Ah! Espelho, espelho meu...
Tu que mostras até meu interno,
diga- me onde está o meu “eu”?
 
 
 

( Imagem google)