Fragmentos
Dorme, que a vida é fracionada em dias e noites
como o sol que nasce e morre a cada dia.
Vive intensamente tuas dezenas, centenas
ou milhares de dias e dorme, dorme serenamente
para talvez despertar para um novo dia, uma nova vida,
vida dividida em vidas,
como quando abrem-se as cortinas e,
primeiro ato, cena um, a vida entra em ação!
E, segundo ato, segunda cena,
vários atos e várias cenas
e o pano desce.
Noite.
No seguinte dia, se se vive, reinicia-se
involuntariamente a mesma peça
em vários atos,
em várias cenas
com talvez o mesmo e mais outro e outro elenco.
Em cena encena naturalmente
que a vida é fracionada em tomos,
dorme, vive, vive e dorme serenamente,
que na medula da vida tudo surge de repente,
sem preparo, sem rubricas.
Tanta coisa
nascemorrenascemorrenascemorrenasce...
todos os dias, todas as noites.
Isto, enquanto há olhos, vê-se.
E se não se acorda, sabe-se?
Atores de palcos antigos, de peças passadas,
de lidos tomos, de atos findos
ainda não me disseram.