Da Supressão da C.A.
Por que toda essa supressão?
Suspensão, eliminação,
Desaprovação, extinção?
Alguém me dê, por favor, uma explicação?
Sei bem que tudo aqui já foi pensado
E dito por muitos e sábios outros,
Mas me cabe, sobre o já observado,
Repensar, na reflexão encontrar
Novas formas para reafirmar
Aquilo sobre o que hei meditado.
Dentro do pensamento dos mais destros
Terei, a arrimar-me, os devidos lastros.
O que vos venho dizer, entretanto,
Não me parece insignificante,
Pois os antigos versos nos trazem encanto,
Enquanto um verso moderno,
Em esplendor hodierno,
Ainda que pertença a um famoso canto,
Soa-me sempre muito irritante
Porque não é, dos mestres antigos, amante.
Espero que entendam, não renuncio
Ao que os não menos mortos ensinaram,
Todavia, por pensar, anuncio
Que essa geração moderna merece
Severa revisão, porque padece
Da doença que aqui evidencio:
Em alucinação se desvairaram,
Quando dos velhos mestres se distanciaram.
Pode piorar, pode ser eterno.
Não quer dizer que não damos valor
Ao preto, grave, refinado terno
Por não o usarmos, muitas das vezes
Em que saímos, ao longo dos meses.
Só é preciso rever o moderno;
Pensar o poético com vigor,
Enfrentar o frio estético, ser calor.
Espero ter sido bastante claro,
'Inda que minha expressão seja infante
E pareça que uma guerra eu delcaro,
Não é isso que pretendo dizer.
Só quero em terno louvor reviver
Os mestres que prezavam o preparo
De um belo verso, bastante elegante,
Sempre nas boas ideias, vivificante!