Esperança.
Vivendo momentos de esperança
De ver todos meus dias serem iguais
Viajo aos meus dias de criança
Longe da lida, de momentos tão venais
Mas me vejo assistindo esta dança
De passos tão incertos, desiguais.
Caminhos se fazendo desiguais
Rasgando a mais suave andança,
Cerzindo versos, dou ritmo à dança
Pra beleza em poesias serem iguais
Giro mundo sem aportar-me aos venais
Guardando à sete chaves a criança.
Eis minha vida: a criança
poesia, gerada em momentos iguais,
cresceu sem conhecer atos venais
e, nela, toda a força da esperança
Rasteia, no tablado, minha dança,
Pros versos, ao meu espelho, serem iguais.
Aprendi: os dias nunca serão iguais!
Carrego os resquícios da criança
Que dançou ciranda e aprendeu a dança
Pra enfrentar momentos desiguais.
A vida traz bem mais em esperança
Do que o arco e lança dos venais.
E na repulsa aos que se fazem venais
Somo-me aos melhores dos iguais,
Girando na gravidade da esperança
E, em prol do meu versar, viro criança,
Espanto o lado ruim, os desiguais
E dou ritmo ao passo d’uma nova dança,
Pois sendo a vida, musica, serei dança...
Verei bons tempos longe dos venais!
As folhas da história foram sempre desiguais
Mostrou-nos pequeno o espaço dos iguais.
A lei da vida é pro adulto e criança,
Só não se pode é perder a esperança,
Pois, ao perdermos o ritmo da dança
Há o risco de quedarmo-nos aos venais
Aí serão os nossos dias desiguais.
JRPalácio