Meu primeiro romance
Quero escrever um romance que não se escreve,
Meu sucesso pioneiro, uma novela bem vivida,
Um livro de mistérios, aventuras de mentira.
Sátira de afeições,
Um grande show de horrores.
Contratarei talentosos atores
Para viver minha tragédia.
Personificarão um universo comédia,
Habitado por fortes amantes
Dos mais falsos amores.
Livro escrito em pensamentos abruptos,
Pensamentos com ponta afiada.
Com um rápido rabisco, mais que ligeiro,
A humanidade toda é retratada;
Uma folha percorrida pelo nada.
A capa será inerte,
Corriqueiramente elaborada;
Capa breve, concisa,
Ilustrada de saudades,
Saudades subjetivas, em forma de palavras,
Palavras adjetivas, fortemente baseadas
Em uma maldade até bonita, talvez inocentada;
Inocência perdida, roubada
Que nem um beijo em menina mimada.
E o beijo dos protagonistas será imortalizado
Como a insônia de uma jovem e seu primeiro namorado.
Escreverei uma dedicatória para o mundo em pedaços,
Onde exaltarei as virtudes que sobraram
Dos grandes que o construíram
E das sociedades que realmente o amaram.
E meu livro será aclamado
Pelos subúrbios dos sonhos martirizados,
Onde sua população o terá camuflado
Para esconder suas vergonhas e seus pecados.
Apenas espero que, após tanto desfecho, no meu posfácio,
Possa refletir sobre o porquê deste mundo condenado
Ser sempre um romance tão... fadado ao fracasso!
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