JUNCO
JUNCO
Um junco
Entre seixos
Parece estar adunco
A procura de eixo
Está ali encravado
Ao sabor dos ventos
Procurando alento
Meio encalacrado
Mas é forte e resistente
Tal qual gente
Adaptável ao momento
Mesmo no isolamento
Bate a ventania
Movimenta-se o seixo
Alaga-se o leito
Mas ele resiste com valentia
Sairá dali arrancado
Para tornar-se esteira
E repousará a vida inteira
Num chão maltratado
Poderá tornar-se ainda
Um belo cesto
Guardando lembranças infindas
Fora de seu contexto
Sofridas metamorfoses
Muitas em overdoses
Mas continuará na vanguarda
Para o que mais vier, aguarda
Nem sempre serão flores
Nem sempre ornamentos
Por vezes dores
Noutras argumentos
Um dia será descartado
Mas isso pouco importa
Ficou semente no banhado
Para abrir nova porta