A PRESSA QUE ME LEVA

A PRESSA QUE ME LEVA

Essa pressa que me imponho

Limita-me nos descobrimentos

Que eu poderia descobrir.

Tudo passa tão rápido

Que nem percebo

Quem passa por mim.

Na pressa de comer a fruta

Nem descubro as cores que ela contém.

A arvore que a produz

Está fora do meu tempo.

Conto minha historia em monossílabos

Com poucas palavras que conheço,

Pois preciso aumentar a respiração

Para compensar o andar ofegante.

Para mim, as cores das tardes são todas iguais,

A neblina da madrugada é apenas

Um empecilho para minha marcha,

Que não conhece o frescor

Que a noite ofereceu ao viajante.

Conhecer as margens da estrada

É um simples acidente geográfico

Que me passa disforme,

Sem me atentar ao aceno

Que em vão me chamou.

Na pressa que me limita

Não escuto a voz que me diz:

- estou aqui!

Passo, sem saber aonde chegar

Com toda rapidez.

Corro porque a pressa é lenta

E nessa fuga, esqueço até de mim.

Meu medo é chegar tão rápido

E precisar voltar sem lembrar o caminho.

Di Camargo, 31/10/2013

Di Camargo
Enviado por Di Camargo em 31/10/2013
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