Rasgando-se de Poemas

Queria ter o poder que as minhas dores, as minhas rasgadas palavras fazem. Elas, de fato, escancaram, resolvem passear, dançar por aí. Sento, tomo um ar e vejo a fineza, a sabedoria delas indo de encontro aos resultados. Eu? Eu fico na estúpida função de pô-las para fora... Somente isso! Fico num vai e vem, subtraindo minhas forças. Sonho querer realizar tudo, enfrentar meus demônios, mas o meu grito não produz energia, coragem, capacidade... Tenho a apatia bem latente, em porções que dão para dividir e manifestar essa geleira em inúmeras pessoas. É frio.

Queria ter sensibilidade e ver cada vírgula modificando o mundo. Ando numa cegueira imensa e empapado de duvidas. Não sei aonde ir, mas, mesmo assim, caminho... Apoio-me nas canções, em contatos, em certos espaços. E, então, meus olhos percebem faíscas, me induzem a caminhar pela estrada pouco percebida. Mas, o descontrole é grande, a oscilação, furiosamente constante, impõe minha velha visão no lugar, voltando a tropeçar pelo chão. E, aquela visão que segundos atrás me permitia executar passos aprazíveis, me faz, agora, desistir de sonhar. E calejo.

Calejo, porque não sei onde me encaixo nos espaços que existem fora de mim, embora, eu entenda bem desses vazios impetuosos que se criam no externo extremo. Os de dentro já me cabem melhor, porque sei a fundura do que sou, e ajeito aos poucos, meio torto, pouco lúcido... Ainda não sei a ordem... Tenho, por mim, que tateio esses caminhos porque me confere à sina de ser andejo, estrangeiro do mundo e das coisas, ainda que tudo esteja em mim, insistentemente, como um velcro indissipável, colando as minhas idas à minha alma.

Regresso, se essa for à condição... Depois, sou eu, de novo, andarilho: privilegiado pelos pés incansáveis que tenho. E, sigo as frestas que, todavia, encontro. E não importa muito onde elas me levam, desde que aquietem-me um pouco o coração, a duvida daquilo que não conheço. O que preciso, insisto, enfrentativo, é só um bocado de caminhos... Porque parar, só se for coisa do destino. Só paro se a minha vontade de ir não convencer os meus pés a andar.

Rômulo Sousa e Kíssila Resplandes
Enviado por Rômulo Sousa em 18/10/2013
Reeditado em 18/12/2013
Código do texto: T4531428
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