Braços da noite
Mais uma vez,
procurarei luzes
para escapar dos lúgubres
braços da noite.
Os salões abafados,
a fumaça tóxica,
copos virados
e sons sem lógica
manter-me-ão longe
dos braços da noite.
Se eu pensar estarei perdido,
se fechar meus olhos estarei perdido.
Não quero o peso na consciência
que chega se estou são.
Prefiro a latência
às coisas que virão
se eu for embalado
pelos braços da noite.
Um dia,
enfrentarei novamente
a hora que antecede o sono,
sem sons,
sem álcool,
sem êxtase.
Em mim mergulharei,
no que sou,
no que faço.
Cairei
como quem nunca questionou
ou nunca sentiu o cansaço
de fugir dos pacientes
braços da noite.
Posso continuar minha fuga
enquanto essa vida ainda suga
o meu resquício de energia.
Ou posso pular nos braços da eterna noite,
como um escravo que aceita o açoite,
sem esperança de acordar para outro dia.