O PÁSSARO ASSUSTADO

Por que abandonas a própria cria,

Que somente agora começa a piar

E cresce assustado,

arrancando as próprias penas.

És uma ave formosa,

de excelente plumagem.

Mesmo assim permaneces

na forquilha da persistência...

Imatura, ainda não abandonou o próprio ninho,

Mas não o vê a brincar no galhinho,

Nem levantar as asas alegremente.

Enquanto voas desnorteada

Jogas para fora de ti o carinho

Sempre pousando em galhos secos.

Tolhe teus carinhos maternos

E regurgita suas frustrações

Sobre indefeso filhote.

Limpas o bico no poleiro

Pelo trato que lhe servem.

Jamais sacode tuas penas

Para quem do teu ovo pariu.

Declina-te em favores...

Ajeita constantemente tuas sedosas penas,

Agitando tuas asas da cauda

Para quem somente lhe cria rancores.

José Luiz Pires
Enviado por José Luiz Pires em 18/10/2013
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