A espera da Lua
Eu vi os campos de trigo da cidade da paz
Vi o sol escaldante do deserto tranquilo de inquietação.
Saboreei as colheitas fartas de frutos doces e grãos generosos
Brinquei nas chuvas de verão com os musgos das florestas frescas.
Eu vi os cabelos ao vento dançando rituais mágicos
E olhos que se abriram de par em par em eras e vivências.
Eu toquei a carne transmutada em alma sorridente
E estrelas oferecidas em tantas praias mágicas.
Dancei sob a lua bebendo vinhos espumantes
Cantei canções com a voz do coração.
Enchi de lágrimas olhos antes secos de alegria
Pronunciei palavras de devoção e honestidade.
Me vesti de azul e branco, púrpura e ouro de deslumbramento
Combati a mortalha do tempo e as vozes da razão.
Eu extingui o fogo dos devoradores de luz
E não fugi da batalha dos juizes de suas próprias leis.
Recorri, entre mãos de candura, aos bosques da infância
Provei sabores e aromas de um mundo de sonhos.
Segui gloriosa por caminhos de pedra a semear as flores da minha crença
Fui anciã, mulher e esperança.
E no rastro da poeira cósmica dos meus momentos de equívoco
Qual Avalon oculta em brumas, me perdi no caminho.
Talvez um dia, volte a ser a mesma lua para quem me vê.
Hoje apenas quarto crescente na intenção, minguante no resultado, plena na crença...