A ROSA QUE CHORA
(Sócrates Di Lima)
Olho a noite que chora,
Em lágrimas frias e sólidas,
Saudade que não vai embora,
Em lembranças impolidas.
Sozinha em seu jardim insólito,
Orvalhada por dentro e fora,
Em cores mórbidas de um vermelho liquido,
Fria e impiedosa a rosa chora.
Chora á distância em pecados subtos,
No invólucro verde orvalhado,
Como olhos cerrados em espremidos abruptos,
Como se na vida inteira tenha chorado.
E a rosa se faz pálida,
Em plena estação do amor,
Debruçada e cálida,
chora a rosa sem dor.
E quem olha o jardim de longe,
Pelas janelas da própria vida,
Não sabe a dor do silêncio de monge,
Distante a rosa chora ressentida.
Sem respostas da própria vida,
Que silencia no estampilho de um grito,
E cai a noite em névoa jamais tida,
E nessa saudade a rosa chora em seu rito.