Porta Trancada

Quando eu não quero

Enfrentar a minha realidade,

Mesmo o Sol brilhando lá fora,

Eu tranco minha porta,

Visto minha armadura,

Coloco a venda em meus olhos.

Me alieno, perdida nas cores

Do meu mais perfeito Simulacro.

Me tranco dentro de mim mesma,

Escrevo meus monstros e meus sonhos,

Canto para meu espelho,

Converso com minha sombra,

Desenho uma maneira de expulsar meu medo.

Alguém bate à minha porta trancada...

Um sorriso expontâneo surge em meus lábios

Logo abscindido pela rebeldia doída,

Displicente da causa.

"- Por que abrir a porta

Se os teus sapatos sujos

Macularão o meu carpete?

- Estenda sua mão para mim...

Eu quero segurar e acreditar

Que o para sempre existe."

A noite cai iluminando meus devaneios,

Acordando meus desejos

Como a besta que se curva à luz da Lua

Prateando o semblante solitário.

O deleite viciante

Acompanha as minhas horas prateadas

Até o céu se pintar de laranja

Na aurora tão temida.

A dor da realidade desfaz minha ilusão.

Sapatos sujos pisaram no meu coração

E deixam meu carpete marcado de paixão...

"- Fica...

Eu quero acreditar

Que o para sempre

Habita em minha realidade desbotada."

As lágrimas pesam

Caindo em lamentos e prantos.

Me tranco dentro de mim mesma.

Escrevo meus monstros e expurgo meus sonhos.

Canto para minha sombra.

Converso com meu espelho.

Rabisco uma maneira de expulsar meu medo

Daquele semblante prateado ao espelho.