Orgulho

Orgulho delicioso, eu me esborro

Em ti me lambuso fartamente

O meu legado ao imutável doo

O meu presente ao cheio vôo

De não mudar jamais.

Enche, tarde, a enseada de paz,

Onde repousa, meiga, a natureza.

Mas só para mim eu olho!

Cúmulo do pouco e da avareza!

Voam as aves, às auras mansas

Entregam as asas, despreocupadas;

Eu fico preso ao chão que me retém, forçoso

De abraçar o céu e as alamedas.

Os ecos pela distância oca voam

E retribuo a esta saudação sonora

Um "bem dito" vago e pouco

Que julgo ouvir-se clamoroso.

Assim eu falo, pois tomei ciência

Do pouco que sou, sendo muito,

Em gesto de mesquinha benevolência.

Não há quem negue à flor grandiosidade

Porque conquista todos os seres,

Ao gracioso riacho transparência,

À humildade excelência,

Ao coração e à fé imensidade.

A estes muitos me julgo aumentado!

A estes poucos- infinitos que não se aumentam

Porque me fecho delirando

E assim, os mundos - poucos afugento!